segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Um dia decidi fazer um passeio de jangada. Uma jangada de madeira de carvalho, forte e resistente como nenhuma outra, com nós de marinheiro perfeitos que ligavam todos os elementos daquela estrutura. Senti-me seguro para navegar nela. Nem sequer olhei para isso como sendo uma aventura. Não havia riscos...foi construída de forma perfeita e nenhuma tempestade a iria fazer tombar. Aliás, se o céu começasse a ficar escuro, teria tempo para a trazer comigo para a margem...nunca haveria problema nenhum. Comecei a descer o rio nela... distraí-me a olhar para a natureza em redor. Era tudo tão como eu imaginava... Nuvens brancas num céu azul, a corrente lenta e calma, as folhas das árvores que dançavam na ligeira brisa do vento...Nada fazia prever aquele relâmpago que surgiu do meio do nada e me atirou disparado para a corrente, que se tornou feroz e me empurrou para o fundo. A jangada que eu julgava tão forte, ficou feita em pedaços. Engoli litros de água, lutei para vir à superfície e consegui segurar-me a um tronco da jangada que passou rente a mim. Segurei-me a ele com todas as minhas forças que restaram. Sabia que não tinha força de braços suficiente para nadar até à margem. A corrente era loucamente forte. Parecia que estava irada comigo. Pelos vistos não sou assim tão bom a fazer nós de marinheiro como pensava... pelos vistos fi-los mal feitos, quando pensava que os tinha feito perfeitos...Gostava de ter estado mais atento em vez de me ter distraído com a calma paisagem que me rodeava e me iludiu... Se tivesse visto que as amarras não estavam assim tão boas, tinha-as apertado tanto, mas tanto... Se as amarras falassem, tinham-me alertado... mas não falaram... O tempo passa e no entanto o cenário mantém-se... As nuvens que eram brancas mantêm-se agora negras, a corrente calma mantém-se agora bruta, a antiga suave brisa continua agora um tornado que tomba as árvores nas margens...e eu agarro-me ao tronco que me mantém à tona...Se não fosse ele, tinha morrido afogado...nunca o poderia largar agora. Às vezes penso em concentrar-me em ganhar forças para largar o tronco e tentar chegar à margem...Quando isso acontece, parece que a corrente acelera e não me deixa tentar. Tenho medo de ficar pelo caminho e de ser levado para baixo e me afogar...aí não haverá mais nada que me possa salvar...Fui esperando, esperando, esperando...Esta tempestade haveria de parar um dia...mas não...não pára. Coloquei-me nas mãos do destino, sendo que não reconheço em mim mais coragem...estou esgotado... Ouço um barulho ao fundo...água a cair! O pânico invade-me... algo me diz que é uma catarata... Agarro-me ao tronco, sabendo no entanto que deixou de ser a minha salvação. De nada ele me vai valer, quando chegar à catarata... vou perder o tronco sem nunca ter conseguido reunir a força e coragem que tinham sido precisas para ter chegado até à margem para voltar a ter descanso que um dia já tive e tanto valorizei... Respiro fundo... Agradecerei ao tronco na hora da minha queda e fecharei os olhos enquanto nos últimos instantes antes de me afogar, imaginar-me-ei de novo naqueles campos verdejantes, deitado e calmo como se nada tivesse acontecido, num momento que imaginarei infinito de paz dentro de mim. Apenas assim posso manter a luz acessa ao fundo...Poderei não vir mais à tona, mas escolheo não me agarrar a mais nenhum tronco...Ou tenho forças para me salvar sozinho, ou não tenho forças e deixo-me afundar, mas sozinho...apenas com os meus medos...
quarta-feira, novembro 25, 2009
Premonição
Palavras afiadas como lâminas de espadas
Cortam todas as ilusões de todo um passado
Castelos construídos num conto de fadas
Desmoronam-se num céu escuro e carregado
Palavras tão contundentes como farpas
Ferem-me o espírito, ferem-me o peito
Uma frieza no olhar com que me fitas
Fazem-me relembrar um sonho desfeito
25-10-2008
Cortam todas as ilusões de todo um passado
Castelos construídos num conto de fadas
Desmoronam-se num céu escuro e carregado
Palavras tão contundentes como farpas
Ferem-me o espírito, ferem-me o peito
Uma frieza no olhar com que me fitas
Fazem-me relembrar um sonho desfeito
25-10-2008
sábado, abril 14, 2007
sexta-feira, março 16, 2007
Drops in my bucket

The drops that fill my bucket aren't enough to keep it full, not even half full...because the hole in it's bottom is too big...My bucket is each time lighter and lighter, emptying every day and every night. There's no use in asking someone to fill it again, because I know the hole in it will grow larger, never allowing it to be full again like I wish it would...It's draining out...and one day it will be almost dry, only with a few drops at the bottom of my bucket...
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Canyons

Taking a step each day, slowly between the canyons
If I look down, I will surely stumble and fall
The path is each time even more narrow
It may be best if I choose to crawl
Feel like my eyelids are growing heavier
But I will still go forward with my eyes shut
Using only my fingers to guide me through
Hoping not to find out that the path is cut
If I look down, I will surely stumble and fall
The path is each time even more narrow
It may be best if I choose to crawl
Feel like my eyelids are growing heavier
But I will still go forward with my eyes shut
Using only my fingers to guide me through
Hoping not to find out that the path is cut
sábado, outubro 21, 2006
No Floor
How could you forget it all?
There seems to be no reason for me to hold on to what I've been to you
I've climbed so high just to fall
Because I haven't got the wings that could make me fly and hold on to
I have tried so hard
The more I want to grab it, the faster it runs and hides behind the door
I played my final card
And now each time I look down, I realise I have lost my floor...
There seems to be no reason for me to hold on to what I've been to you
I've climbed so high just to fall
Because I haven't got the wings that could make me fly and hold on to
I have tried so hard
The more I want to grab it, the faster it runs and hides behind the door
I played my final card
And now each time I look down, I realise I have lost my floor...
terça-feira, agosto 29, 2006
Jab a pin in me
Cut this rope around my fists and let me run away
I must stray away, in this place I cannot stay
My body feels so strange, like apart from myself
Anything could hit me hard and still feel no pain
Please grab a pin for me from that dirty old shelf
So I can tell if it's a dream, or am I just insane...
I must stray away, in this place I cannot stay
My body feels so strange, like apart from myself
Anything could hit me hard and still feel no pain
Please grab a pin for me from that dirty old shelf
So I can tell if it's a dream, or am I just insane...
sexta-feira, agosto 25, 2006
Novelo de lã
Estou aqui há uma eternidade a desenrolar este novelo de lã, mas quando mais voltas lhe dou, maior ele fica...Desenrolo, desenrolo...mas está cada vez maior!
Ah, isto aflige-me!É como correr, correr e não sair do mesmo lugar!
Não me posso deixar irritar, porque se me irrito ainda pior fica...mais vale levar na desportiva, como quem já perdeu o jogo, e simplesmente continuar a desenrolar como se nada fosse, ou como quem já esperava que isto acontecesse e portanto não está surpreendido com a situação...
Eu estou calmo...
Ah, isto aflige-me!É como correr, correr e não sair do mesmo lugar!
Não me posso deixar irritar, porque se me irrito ainda pior fica...mais vale levar na desportiva, como quem já perdeu o jogo, e simplesmente continuar a desenrolar como se nada fosse, ou como quem já esperava que isto acontecesse e portanto não está surpreendido com a situação...
Eu estou calmo...
quinta-feira, agosto 24, 2006
Memórias
Gosto particularmente daquela corrente de ar que se forma quando desço os vidros de ambas as portas do carro em andamento...fico todo despenteado, eu sei...mas também...manda mais o meu cabelo em mim, do que eu nele...é um facto e há que admiti-lo!Depois meto um CD com a música do momento e naquela esfera onde estou protegido de tudo e de todos, posso muito bem puxar pelos pulmões e acompanhar a música...isto a 140 km/h na Auto-Estrada não incomoda absolutamente ninguém!Não é a mesma coisa que cantar no chuveiro...aí até a vizinha de cima se pode começar a rir...
Naqueles instantes nada corre mal...não é que os problemas desapareçam, até porque os confronto nessas alturas, mas aí...mesmo quando pareço desmanchar...é apenas um processo de renovação. Mais do que da minha pele! É como se rasgasse o meu corpo e saísse outro Eu. Não um Eu muito diferente, mas eu Eu novo...definitivamente...mais frio ou mais sensível? Isso ainda não consegui perceber. Os pontos de vista mudam, mas o essencial mantém-se, e ainda bem que isso acontece!
Não queria nada deixar de saber e reconhecer quem sou ou quem fui...Quem somos é resultado das nossas memórias, por isso mesmo as más são importantes para nós...muitas vezes são as memórias dolorosas que criam coisas boas dentro de nós...e eu tenho muitas coisas boas dentro de mim...
Naqueles instantes nada corre mal...não é que os problemas desapareçam, até porque os confronto nessas alturas, mas aí...mesmo quando pareço desmanchar...é apenas um processo de renovação. Mais do que da minha pele! É como se rasgasse o meu corpo e saísse outro Eu. Não um Eu muito diferente, mas eu Eu novo...definitivamente...mais frio ou mais sensível? Isso ainda não consegui perceber. Os pontos de vista mudam, mas o essencial mantém-se, e ainda bem que isso acontece!
Não queria nada deixar de saber e reconhecer quem sou ou quem fui...Quem somos é resultado das nossas memórias, por isso mesmo as más são importantes para nós...muitas vezes são as memórias dolorosas que criam coisas boas dentro de nós...e eu tenho muitas coisas boas dentro de mim...

